Alegria é...




Desarticulado, mal conseguiria descrever o que é alegria. Talvez se pareça com uma leve coceira na alma, que dá vontade de rir. Quem sabe seja o que transforma o coração em jardim onde borboletas brincam. Alegria suscita, sim, uma ansiedade deliciosa. Quando estou feliz, surpreendo-me sussurrando: “Não preciso de mais nada”.
Alegria é granada que explode no peito com estilhaços que ferem sem magoar.
Alegria é bomba que irriga a pele com arrepios de satisfação.
Alegria é rede branca estendida no alpendre, que contempla as montanhas.
Alegria é cafezinho no balcão da padaria.
Alegria é som da taça robusta que brinda o encontro, olho no olho.
Alegria é sorriso agradecido do neto que acabou de ganhar o primeiro estilingue.
Alegria é tempero que se espalha pela casa.
Alegria é música que lembra o amor adolescente.
Alegria é estrela cadente que risca o céu, e convida a fazer um pedido.
Alegria é exame de laboratório dizendo que não é preciso alongar o tratamento.
Alegria é livro relido depois de dez anos.
Alegria é elogio do pai.
Alegria é crepúsculo que colore o céu de um Apocalipse deslumbrante.
Alegria é fúria do mar contra as rochas.
Alegria é colibri que se aproxima e foge num piscar de olhos.
Alegria é feriado chuvoso para ler poesia em voz alta.
Alegria é lágrima de amor.
Alegria é tapioca com manteiga em dia frio.
Alegria é silêncio na catedral vazia, que acolhe a meditação.
Alegria custa tão pouco, meu Deus!
Ricardo Gondim

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