A solidão


Por muito tempo essa expressão, ou melhor, estado físico-mental-psicológico, permeou muito a minha vida, minhas atitudes, meu estado de espírito, foram minhas escolhas, a amizade que desejei; ser só.
Acontece que o tempo passa, os cabelos brancos começam a brotar, a enrugues do rosto desafia e o que parecia ser um estado confortável, sinaliza agora que a opção de ser só parece ter escolhido a eternidade, em vida.
Ser só, por muitas vezes te dá uma contemplação do existir, muito mais apurada, latente, beira o tangível, tudo parece se multiplicar; O cheiro, a cor, o hálito, a diversão, a dor, a solidão...
Quando a solidão aponta que em você existe um vazio, não de algo e sim de alguém, está na hora de você se preocupar, mas não se desespere não você que não tem ninguém, não, por que uma coisa é quem nunca teve, esse alguém tem que começar a procurar, a se “disponibilizar” no ser. Falo daquele que um dia teve e que o alguém ficou pelo caminho, agora ficou aquele vazio nos olhos, o som alegre das rizadas, das frases bobas, porém tão cheias de vida, do arrastar de pés pequenos (36), no chinelão imenso (42), na casa tão pequena que se chega a querer sair e que ficou tão grande devido à solidão, que se chega a querer fugir.
As fotos, de maneira alguma servem para matar a saudade, o que elas provam mesmo é que existe um vazio imenso entre quem deseja e o que é desejado, fotos só exprimem mais ainda a saudade de algo que jamais se terá de volta.
Para o ser só, o que resta são lágrimas, sentir o cheiro das roupas que ficaram, trazer a memória bons momentos e desejar a todo o momento que a vida te pregue uma peça, como foi o se apaixonar e agora, no deitar na cama e o som da fechadura a se mover, com o ouvir do presente que Deus lhe dá.
“Voltei, porque pra onde eu for sua presença vai comigo e é melhor ela ficar comigo, do que ir, sabe-se lá pra onde, voltei...”.

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